A IGREJA CATÓLICA E OS “IRMÃOS DE JESUS”
No início muitos protestantes não negavam a virgindade de Nossa Senhora antes, durante e depois do parto, ao comentar a passagem de São Mateus (I, 25): “José (...), não a conhecia até que deu à luz seu filho primogênito”. Alguns dentre eles até têm dignos elogios ao testemunhar a perpétua virgindade de Maria, como por exemplo, o Dr. Hickes, quando afirma que “Maria foi virgem na alma como no corpo, de tal maneira que nunca olhou com fim voluptuoso para criatura alguma; foi virgem em tudo, e era toda pureza, tanto interior como exteriormente, conservando seu corpo como santuário e lugar santo, e a sua alma como o sancta sanctorum (santa por excelência), por ser o receptáculo do Espírito Santo, o Tabernáculo do Filho de Deus”. Outro protestante, Dr. Bhamhall: “Admitimos as genuínas, universais e apostólicas tradições, como seja o Símbolo dos Apóstolos (Credo) e a perpétua virgindade da Mãe de Deus” e etc. A doutrina sobre a perpétua virgindade de Nossa Senhora estava bem clara, a tradição era inconteste, era até ridículo não aceitá-la e incorria numa blasfêmia negá-la.
Contudo, os protestantes foram mudando paulatinamente, e nos tempos hodiernos afirmam que a Santa Mãe de Deus teve outros filhos além de Jesus, baseados em certas passagens do Novo Testamento que veremos abaixo, nas quais aparece o uso da expressão “irmãos de Jesus” como se elas se referissem a irmãos carnais.
É necessário entender que a língua utilizada para escrever o Evangelho de São Mateus, o aramaico, e o hebraico da Bíblia em geral, não contém a riqueza de vocábulos das línguas modernas para designar parentescos. E, ainda, os três outros evangelistas que escreveram em grego respeitaram o modo de falar dos judeus. Esse termo “irmãos” nas referidas línguas indica diversas relações de parentesco. A palavra “irmãos”, no que se refere a Nosso Senhor, deve-se entender no sentido lato. Na Bíblia usa-se a palavra “irmão” em sentido estrito apenas DEZ VEZES, ao passo que se emprega mais de MIL VEZES no sentido de tios, primos, sobrinhos ou qualquer outro parentesco. Além do costume judaico de os casamentos se darem dentro das tribos e famílias há de se compreender que afinidade e consangüinidade nas referidas línguas se misturam o que causa dificuldade de compreensão na exegese dos textos:
Fonte: IPCO (A luta no Céu contra os demônios) |
“ Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago e de José, e de Judas e de Simão? Não estão aqui entre nós também as suas irmãs?”, (Mc. VI, 3).
“ E dos outros apóstolos não vi nenhum, senão Tiago, irmão do Senhor”, (Gal. I, 19).
“ Estando Jesus a falar, disse-lhe alguém: eis que estão lá fora tua mãe e teus irmãos que querem ver-te”, (Mt XII, 46-47; Mc III, 31-35; Lc VIII, 19-20).
Os chamados “irmãos” de Jesus nos textos acima citados não eram por forma alguma seus irmãos no sentido estrito, mas sim primos-irmãos. Tiago e José eram filhos de Maria, mulher de Cléofas que por sua vez era prima de Nossa Senhora. Que Tiago e José eram filhos de Cléofas é atestado por São Mateus quando expressa dizendo: “entre as quais estava Maria Madalena, e Maria Mãe de Tiago e de José”, (Mt XXVII, 56). Por sua vez São Marcos afirma: “entre as quais estava Maria Madalena, Maria mãe de Tiago o menor e de José, (Mc XV, 40). São João, em seu Evangelho descreve: “estavam junto a cruz de Jesus, sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena”, (Jô XIX, 25). Simão e Judas eram também filhos de Maria Cléofas. Consta na própria epístola de São Judas no cap. único, 1 onde diz ser irmão de Tiago.
Quem quiser entender tais passagens e só acompanhar a genealogia abaixo, composta por exegetas judeus e católicos após sérias análises e estudos de documentação antiga:
Exemplo típico na Bíblia em que parentes próximos são chamados de irmãos: “Disse Abraão a Lot: Peço-te que não haja rixas, pois somos irmãos”, (Gn XIII, 8). Ora, Abraão não era irmão de Lot, mas tio. “Eleazar morreu e não teve filhos, mas filhas e estas se casaram com os filhos de Cis, seus irmãos ”, (I, Crônicas, XXIII, 22). Ver também: (Êxodo II, 11), (Mateus XXIII, 8), (Gênesis, XIX, 7).
Uma pergunta cabe: porque nunca os Evangelhos chamam os “irmãos de Jesus” de “filhos de Maria”? O que vemos, isto sim, é São Marcos chamar Jesus “O filho de Maria”, (Mc VI, 3).
Finalmente, pela lei de Moisés, a Mãe sempre seria entregue ao filho mais velho, com o falecimento do esposo ou do filho mais velho. Assim, porque Nosso Senhor no alto da Cruz a entregou aos cuidados de São João?
Porque querer equiparar as Sagrada Família à vida normal que rege os demais lares a respeito do dever da procriação quando todo Nela diz respeito às coisas de Deus Onipontente? Deus tem o direito e o poder de fazer obras acima das leis comuns.
Destarte, fica comprovado, e ainda poder-se-ia citar mais argumentos de que Jesus Cristo, o Unigênito, foi filho único de Maria Santíssima.