domingo, 11 de março de 2012


A INFLUÊNCIA DA MISSA TRADICIONAL

                                                                                                                
Pe. David Francisquini

Numa reunião de bispos brasileiros, um influente publicitário foi convidado a tratar  do marketing a ser desenvolvido pela Igreja. Surpreso, ele disse que esta já possuía um possante instrumento de propaganda, incomparavelmente superior a qualquer outro, e que se tratava tão-só de restabelecê-lo.  Exemplificou então com a missa tradicional, celebrada em latim, na qual se desenrolavam cerimônias em que até os mais simples, não obstante a linguagem misteriosa, estavam cônscios de assistir ao que há de mais sagrado. 
Importa notar – comentamos nós – que na missa tridentina, os fiéis acompanham as cerimônias em todos os seus movimentos, com postura piedosa e reverente, em respeitoso silêncio diante do sublime, tendo as mulheres a cabeça coberta com um véu, o qual já indica o traje que lhes deve corresponder. Todos acompanham passo a passo a cerimônia sagrada, cantando hinos, fazendo genuflexões, ajoelhando-se, sentando-se e levantando-se.
Por que a missa tradicional é celebrada em latim e de costas para os fiéis? Em latim, por ser a língua oficial da Igreja. E com o celebrante voltado para o tabernáculo, a fim de indicar o sacrifício que ele vai oferecer, pois a missa, de acordo com a sua própria definição, é a renovação incruenta do sacrifício do Calvário.
E é somente o sacerdote, como ministro de Deus, quem opera esse sacrifício, que é o mesmo sacrifício da Cruz, só que sem efusão de sangue. E ainda que a igreja esteja vazia de fiéis, a missa não perde por isso o seu valor; em sentido contrário, por mais lotado que esteja o templo, se o sacerdote estiver ausente, nenhuma missa se faz. Os fiéis, por seu lado, devem procurar unir-se espiritualmente ao celebrante, enquanto ele realiza aquele ato que é o mais sublime que existe na face da Terra.
Cumpre acrescentar que, ao celebrar a missa voltado para o tabernáculo, o sacerdote dá ainda exemplo aos fiéis colocando Deus no centro do culto sagrado, enquanto ele, oficiante, se põe diante da corte celestial para oficiar o sublime sacrifício da Cruz.  O altar não é horizontal e em forma de mesa,  mas vertical e perpendicular, indicando que o culto sobe até o trono de Deus em ato de adoração, homenagem, louvor, ação de graças, reparação e impetração.
Já no início da missa, aos pés do altar, o celebrante pede perdão pelos seus próprios pecados e também pelos dos fiéis presentes. Sobe os degraus do altar como outrora Cristo subiu o monte Calvário.  Os paramentos indicam a altíssima missão de sacrificador. As partes de maior interesse para a formação dos fiéis são as duas leituras: a da Epístola e a do Evangelho. São lidas em vernáculo, bem como a pregação. 
Em resumo, a riqueza de simbolismos e significados que encerra uma missa leva-nos à compenetração de que esse sacrifício santo e imaculado – oferecido por Nosso Senhor através de seus ministros sagrados, aos quais empresta as mãos, a voz, os gestos e toda a postura – indica que Ele é o pontífice do Novo Testamento que Se oferece de modo incruento no sacrifício da Nova Lei, tornando-Se verdadeiramente presente em nossos altares. A própria disposição das velas no altar, tendo ao centro o sacrário, onde está presente Jesus na hóstia consagrada, e acima o crucifixo, criam nas almas dos os fiéis o senso de que a vida tem um fim eterno que é Deus.  

(Artigo escrito e publicado em dois jornais do Noroeste Fluminense do RJ em 2006)

Nenhum comentário:

Postar um comentário