segunda-feira, 27 de julho de 2015

O Tratado da Verdadeira Devoção a Nossa Senhora
comentários de Plinio Corrêa de Oliveira 1




Introdução



Nossa Senhora, Sede da Sabedoria (Sedes Sapientiae)
No “Tratado da Verdadeira Devoção” interessam-nos alguns aspectos principais, que convém destacar no início de nossos comentários.

Em primeiro lugar, podemos notar o aspecto estritamente teológico da obra, na qual São Luís Maria Grignion de Montfort analisa a devoção a Nossa Senhora, os meios de A honrarmos, de Lhe darmos graças pelos benefícios recebidos, etc.

Em segundo lugar, podemos destacar o papel de Nossa Senhora na luta contra o demônio e os inimigos da Igreja. São Luís Grignion adota e enriquece a idéia, já exposta por Santo Agostinho e desenvolvida posteriormente por Mons. Henri Delassus, sobre a existência de uma luta entre duas cidades - a Cidade de Deus e a cidade do demônio - como sendo o âmago de toda a História.

Em seguida apresenta o papel de Nossa Senhora na Cidade de Deus.

No que se refere ao papel da Virgem Santíssima na luta contra os agentes da Revolução, ele não fala explicitamente nem uma só vez. No entanto, toda a teologia dessa luta encontra suas raízes no livro de São Luís Grignion.

Ora, é muito importante acentuar tudo isto, por ser este livro uma garantia de que seguindo estas idéias permanecemos unidos ao espírito e à doutrina da Igreja.

Em terceiro lugar, interessa-nos a obra a título histórico. Como sabemos, São Luís Grignion viveu no tempo de Luís XIV, que, sob certos aspectos, representa um ápice da História, a partir do qual a Humanidade não fez outra coisa senão descer.

Ele faz uma descrição da sociedade do seu tempo, na qual se vêem já ferver os germens da Revolução Francesa.

Vemos então um grande santo, que foi ao mesmo tempo um grande contra-revolucionário, apontando, já naquela época, a existência da mesma Revolução que então se formava nas entranhas da sociedade francesa.

O nexo entre São Luís Grignion e a Revolução é, aliás, muito interessante. Ele foi vítima de uma oposição irredutível dos bispos jansenistas franceses.

De excomunhão em excomunhão, de suspensão de ordens em suspensão de ordens, acabou reduzido a pregar apenas em duas dioceses da França.


São Luís Grignion redigindo o Tratado
St. Laurent-sur-Sèvre, França.
Essas dioceses foram justamente aquelas em que mais tarde não penetraria a Revolução Francesa; em que o povo lutaria ao lado do clero contra os insurretos; em que os católicos marchariam de encontro às hostes revolucionárias ao cântico de hinos religiosos, que seus antepassados tinham ouvido de São Luís Grignion.

Pode-se assim delinear no mapa da França: a parte vacinada contra a Revolução foi a região por ele evangelizada; na zona dominada pelos jansenistas, que resistira à sua evangelização, a Revolução teve livre curso.

Por último, interessa-nos o “Tratado da Verdadeira Devoção” pelo aspecto profético que o santo lhe imprimiu.

São Luís Grignion é profeta no sentido restrito que esta palavra tem depois de encerrada a Revelação oficial, isto é, as suas profecias não são oficiais e obrigatórias como as da Escritura.

Mas sem dúvida ele é dotado por Deus do carisma da profecia, e isto se percebe pela leitura de seu livro.

Ele profetiza acontecimentos que fazem antever a Revolução Francesa e a crise de nossos dias, e afirma também com antecipação a imensa vitória da Igreja Católica através de uma nova era do mundo, que será uma era marial.

São Luís Maria Grignion de Montfort previu um reino de Maria que virá, e este reino será a plenitude do reino de Cristo.

Entretanto, São Luís Grignion não escreveu quatro tratados sobre estas quatro matérias, mas um só.

E os tópicos referentes a estes quatro aspectos não aparecem na ordem em que os mencionamos, mas estão dispersos pela obra. Na medida das possibilidades, explicaremos segundo estes quatro critérios cada capítulo que formos comentando.

Fonte: http://aparicaodelasalette.blogspot.com.br/2015/06/o-tratado-da-verdadeira-devocao-nossa.html

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